Dizem que a dor mais intensa que uma mulher pode experimentar é a dor
do parto. A funcionária pública Liana Paiva pariu duas vezes e afirma
que não. “Não existe dor capaz de se comparar a de perder um filho,
principalmente quando este filho é tirado de você de maneira violenta”.
Liana teve seu filho Rafael Patriota assassinado em dezembro de 2011. (veja detalhes no final desta matéria).
Como
Liana, um grupo formado por pelo menos 56 mulheres, todas morando em
João Pessoa, faz coro com essa dor. Para suportar o constante pesar de
perder um filho de maneira trágica, elas se reuniram e formaram um
grupo, o Mães na Dor, que mesmo não sendo uma entidade jurídica, tem
objetivos bem definidos. Entre eles, compartilhar experiências, se
apoiarem mutuamente e trocarem informações sobre o andamento das
investigações e processos da morte de seus filhos.
A ideia de
formar o grupo partiu de Hiperneste Carneiro, que teve sua filha – em
início de gravidez – assassinada em abril de 2010. Hiper, como é chamada
pelos amigos, percebeu que sozinha não conseguiria suportar o fardo que
deveria carregar pelo resto da vida. Por isso, reuniu mães que moram na
capital paraibana e que passam pelo mesmo drama.
Inicialmente, o
objetivo do Mães na Dor era apenas pedir que justiça foi feita e que os
culpados por causarem tanto estrago em suas vidas fossem punidos. O
grupo passou a organizar manifestações públicas pedindo a localização
dos autores dos crimes, a prisão e a aceleração dos casos que ainda não
foram julgados.
Em pouco tempo, a agonia estampada no rosto de cada
uma dessas mulheres falou mais alto do que qualquer grito que suas
gargantas pudessem produzir. E elas começaram a ser ouvidas, inclusive
fora da Paraíba. Elas já foram chamadas para engrossar o coro daqueles
que clamam por Justiça em outros estados, como a família da advogada
Mércia Mikie Nakazhima, 28 anos, afogada dentro de seu próprio carro, na
represa de Nazaré Paulista, em São Paulo, no dia 23 de maio de 2010. O
autor do homicídio foi seu ex-namorado e ex-sócio, Mizael Bispo de
Souza, 43, julgado e condenado a 20 anos de prisão.
Dia das Mães
Ana
Ramalho perdeu o filho, o cunhado e o pai no mesmo ‘acidente’
criminoso. Ela tenta explicar a dor que sente da seguinte maneira:
quando se tem uma dor lancinante como perder um filho, qualquer outra
perda fica em segundo plano.
As mulheres do Mães na Dor dizem que a
agonia é constante, sempre presente em suas vidas. Mas, algumas datas
especiais têm o poder de abrir a ferida e fazê-la sangrar ainda mais. O
Dia das Mães é uma delas. Para essas mães eternamente enlutadas, o único
programa possível é a ida ao cemitério. É lá que passam parte deste dia
dedicado à celebração da maternidade.
Foto: Familia Ramalho
Créditos: Reprodução/Internet
Iguais na busca por Justiça
Diferentes
em escolaridades, classe social, estado civil e reação diante da
violência que lhes tirou um filho, o que essas mulheres têm em comum é a
necessidade de que os assassinos sejam condenados e cumpram suas penas.Todas
querem Justiça. Mesmo esse conceito mudando de acordo com cada mãe, em
geral, elas querem o julgamento e a prisão dos culpados. Entretanto, a
condescendência das leis – invariavelmente, pró-réu – frustra a busca
dessas mães.
Ana Gláucia Barbosa Belmont, mãe de Everton Belmont,
27, assassinado em março de 2010, não acredita mais na Justiça. Ela viu
o assassino de seu filho confessar o crime e ficar em liberdade durante
os mais de dois anos que separaram o homicídio do julgamento. O réu foi
condenado, mas continua em liberdade por que seu advogado recorreu do
veredicto e ele tem direito de aguardar o resultado do recurso fora das
grades. “O que eu mais queria, agora, era que ele fosse para a cadeia,
mas é uma pena que não vou ver isso acontecer”, indigna-se.
O que
mais machuca Gláucia é saber que o assassino de seu filho não só está em
liberdade como tem uma vida boa. “As pessoas tiram fotos e me mostram
que está levando uma vida boa, namorando, passeando na praia”, diz,
completando que está muito decepcionada com a Justiça e teoriza: “É por
isso que a violência está tomando a proporção que estamos vendo todos os
dias, porque não há punição e a morosidade é grande”.
Lenyze
Guimarães, mãe de Daniel Guimarães, 24, morto em dezembro de 2011, não
se conforma que o assassino de seu filho receba a pena de alguns anos de
prisão, cumpra um sexto da pena e volte a ter uma vida normal, enquanto
seu filho nunca mais estará com ela. Submetida à visão de seu filho
morto, estendido por horas no asfalto enquanto os peritos realizavam seu
trabalho, Lenyze não consegue ter nenhum pensamento de resignação em
relação ao assunto. Para ela, Justiça seria o algoz de Daniel sofrer o
mesmo fim.
Hiperneste não consegue ter uma boa noite de sono há
três anos, desde que sua filha, Aryane Thais – grávida de poucos meses –
foi assassinada. O fato de o acusado estar solto aumenta sua angústia e
a deixa desiludida em relação ao Sistema Judiciário. Como o acusado do
crime aguarda julgamento em liberdade, mesmo que seja condenado, deverá
recorrer e, nesse caso, também sairá solto do Tribunal, pela mesma porta
que a família da vítima.
Liana Paiva acredita na Justiça, mesmo
reconhecendo que é muito morosa, fato que acaba prolongado o sofrimento
das famílias das vítimas. “A condenação do culpado não diminuirá minha
dor, mas encerrará um ciclo”, diz.
Foto: Protesto em São Paulo
Créditos: Reprodução/Internet
ONG
O
trabalho do Mães na Dor ganhou proporções que nem mesmo suas fundadoras
esperavam. Antes, quando sabiam de uma mãe que estava passando pelo
mesmo drama, elas iam ao seu encontro e ofereciam o amparo do grupo.
“Quando eu estava no chão, sem saber como iria me levantar, vieram essas
mulheres e me acolheram de maneira tão carinhosa e me fizeram perceber
que eu não precisava passar por nada disso sozinha”, diz Liana Paiva,
que hoje é uma das mais atuantes do grupo.
O que elas querem agora é
se organizarem juridicamente e transformar o grupo numa organização
não-governamental (ONG). A ideia é oferecer serviços jurídicos e
psicológicos às mães que não podem pagar por eles. Para tanto, já conta
com o apoio de voluntários e outras pessoas impressionadas com a
capacidade de superação diária e mobilização dessas mães.
Elisângela, mãe de Fernanda Ellen
O
Mães na Dor é um grupo em que ninguém comemora a chegada de uma nova
mãe em seu quadro. Mesmo assim, o número de mulheres que fazem parte do
movimento está aumentando constantemente. Uma nova participante é
Elisângela Miranda, mãe da estudante Fernanda Ellen, 11 anos,
assassinada por estrangulamento pelo vizinho.
Quando Fernanda
ainda era classificada como ‘desaparecida’, o pai da estudante, Fábio
Júnior, vendo a angústia e o sofrimento da esposa, procurou o grupo e
pediu que apoiasse Elisângela. E isso foi feito. Desde então, o grupo
esteve presente sempre que surgia alguma novidade sobre o caso.
O
apoio do Mães na Dor tem sido fundamental não apenas para Elisângela,
mas também para seu marido, Fábio, que sabem que não suportariam passar
por tudo isso sem a solidariedade de quem experimenta a mesma dor.
Foto: Elisângela
Créditos: Reprodução/Internet
Audiência pública
Em
março deste ano foi realizada uma audiência pública na Câmara Municipal
de João Pessoa (CMJP) para discutir casos de violência ainda não
solucionados em João Pessoa. O evento foi proposto pela vereadora Eliza
Virgínia (PSDB), que fez questão da presença do grupo Mães na Dor.Hipernestre
Carneiro aproveitou o momento para solicitar apoio do poder público à
sua causa. Ela também falou sobre as reivindicações, as mobilizações e
as campanhas pelo fim da impunidade que o Grupo encabeça em João Pessoa,
ressoando os movimentos nacionais que têm a mesma finalidade. “O sonho
da minha vida foi amputado; faz três anos que eu convivo com essa dor.
Mas eu troquei o meu luto pela luta”, resumiu.
O juiz Fabiano
Moura de Moura, da Vara da Infância e Juventude do Tribunal de Justiça
da Paraíba (TJ-PB), apoia a criação de uma ONG a partir do Mães na Dor e
já garantiu que intercederá junto ao Tribunal de Justiça no sentido de
assessorar o grupo. O juiz elogia o trabalho dessas mulheres e diz que é
necessário o cuidado por parte do poder público com as pessoas que
estão passando por esse processo de sofrimento ocasionado pela perda de
um ente querido.
Ele disse, ainda, que quando olha para essas mães
não sente pena, mas, sim, vergonha pelo fato de a Justiça sofrer com a
falta de estrutura para solucionar os casos. “Quando se fala em
melhoramentos, em orçamento para uma estrutura dotada para atender as
pessoas, acha-se que o Judiciário tem demais, quando, na verdade, tem de
menos: faltam juízes, servidores, estrutura, mas os processos a cada
ano só vão aumentando”, desabafou.
Foto: Audiência pública
Créditos: Reprodução/Internet
A busca solitária de uma mãe
A
auxiliar de serviços Francisca Luzia Pereira dos Santos é uma pessoa
simples, mas muito intensa em suas emoções e determinada em suas
convicções. Seu filho, James Pereira dos Santos,19 anos, era seu maior
orgulho. Apesar de pobres, mãe e filho tinham uma relação boa e James
era um “menino bom, que nunca se envolveu com nada de errado”.
Em
15 de junho de 2008, uma noite de domingo, James saiu de casa para
deixar um amigo na parada de ônibus. E não voltou mais. Três dias
depois, Francisca já havia percorrido todos os hospitais e até
delegacias da Capital em busca de informações sobre o desaparecimento de
seu filho. Sem sucesso.
Foi quando um amigo sugeriu que ela
fosse ao necrotério. Francisca refutou a sugestão, mas, diante da falta
de notícias de James, resolveu ir até a Gerência Executiva de Medicina e
Odontologia Legal (Gemol). Chegando lá, pediu para ver o corpo de um
rapaz, ainda sem identificação, que estava em uma das gavetas. A pessoa
que atendeu Francisca quis saber se ela estava desacompanhada e ela
respondeu: “E eu lá sabia que para ver um corpo precisava de companhia.
Se não quiser mostrar, nem precisa, que a essas alturas meu James já
deve é estar em casa”. O atendente deu de ombros e levou-a até o local
onde os corpos não reclamados pelas famílias ficam refrigerados.
O
atendente abriu um palmo da terceira gaveta. Foi suficiente. Mesmo com o
rosto virado, James usava inconfundíveis costeletas e, naquele momento,
Francisca descobriu que sua vida jamais seria a mesma.
Ela
pediu ao atendente para abrir a gaveta inteira, pois queria verificar
cada parte do corpo do filho. “Quero saber o que fizeram com meu
menino”, disse à época. Em seguida, pediu para que ninguém tocasse em
seu corpo até que ela voltasse com roupas para vesti-lo do jeito que ele
gostava.
Depois de enterrar o filho, Francisca foi em busca de
respostas. Queria saber o que havia acontecido e quem havia assassinado
James de maneira tão cruel. Nas proximidades onde o corpo foi
encontrado, ninguém ouviu ou viu nada que pudesse ajudar. A Polícia
também não tinha nenhuma pista. A polícia desistiu do caso.
Francisca
não desistiu. Ela precisava fazer aquele último sacrifício pelo seu
filho. De tanto ir sempre ao mesmo local e conversar com as mesmas
pessoas em busca de informações, acabou encontrando uma testemunha que
havia presenciado o ocorrido e, comovida com a busca solitária dessa
mãe, resolveu falar.
Assustada, a testemunha narrou a história
para Francisca, mas disse que não iria testemunhar, por que temia por
sua própria vida. “Eles são traficantes, mandam aqui na comunidade,
fizerem isso com seu filho que não tinha nada a ver com eles, imagina o
que fariam comigo”, teria argumentado a testemunha.
Com a
insistência que só uma mãe a procura de respostas é capaz, Francisca
conseguiu gravar o depoimento da testemunha, que se comprometeu contar o
que sabia à polícia.
O que a testemunha contou fez Francisca
chegar à uma terrível constatação: James morreu pelo simples fato de ser
bonito e não passar despercebido pelas mulheres.
Na noite em
que saiu de casa para levar o amigo na parada de ônibus, tanto na ida
quanto na volta, James passou em frente a um boteco, numa comunidade
próxima ao Valentina Figueiredo, onde alguns homens e uma mulher estavam
bebendo. Ele sequer percebeu a presença deles e seguiu seu caminho.
Antes
de chegar em casa, foi interceptado pelos dois homens, que, sem
palavras, desferiram em seu rosto um golpe de paralelepípedo. James
caiu, implorou por sua vida, tentou entender por que estava sendo
atacado, mas em resposta recebeu novos golpes de pedras e paus. Foi
deixado agonizando no local. Sem socorro, morreu horas depois.
O
motivo do crime, segundo a testemunha, é que a mulher que estava no bar
era companheira de um dos homens – identificado como Luís Paulo da
Silva Melo, traficante, homicida, temido na comunidade e que, não raro,
espancava a mulher. Quando James passou pelo bar, na ida e na volta, a
mulher teria reparado nele, causando ciúmes em seu companheiro, que
teria indagado por que ela estava olhando para o ‘boy’. E ela teria
respondido ‘o boy é que olhou pra mim’. Isso foi suficiente para que
Luís Paulo e seu cúmplice, Suelder Soares do Vale (conhecido como
Pantera) matassem o rapaz.
Mesmo de posse da gravação, Francisca
teve dificuldade em fazer a polícia recomeçar a investigação. Foi então
que, durante um evento da Secretaria de Segurança e Defesa Social,
conseguiu falar pessoalmente com o então titular da pasta, Gustavo
Ferraz Gominho, e pediu para que as investigações sobre a morte de seu
filho tivessem prosseguimento. Gominho se comprometeu em oferecer os
recursos que fossem necessários para a elucidação do homicídio, até
então de autoria desconhecida. Em menos de 30 dias, os acusados foram
identificados e presos.
FILHOS VÍTIMAS DA VIOLÊNCIA
Foto: Aryane Thais
Créditos: Reprodução/Internet
Aryane Thaís Carneiro de Azevedo
– estudante, 21 anos, estava grávida, foi estrangulada e o seu corpo
jogado em um matagal, às margens da BR-230, em João Pessoa, no dia 15 de
abril de 2010. O acusado do crime é o pai do bebê que Aryane esperava, o
estudante de Direito Luiz Paes de Araújo Neto, cuja paternidade foi
confirmada por exame de DNA. O motivo do crime seria a revelação do
teste positivo de gravidez, uma vez que o acusado tinha um
relacionamento com outra pessoa. O corpo da jovem foi identificado por
que ela estava com o exame de gravidez no bolso da calça.
Em 17 de
maio de 2011, o juiz Marcos William anunciou que Luiz Paes Neto será
levado a júri popular, mas, após três do crime, o julgamento ainda não
foi marcado. Ele recorreu da decisão, por meio de dois agravos junto ao
Superior Tribunal de Justiça, ambos negados por unanimidade pelos
ministros. O acusado responde em liberdade. Rafael de Paiva Freitas Patriota –
professor de Geografia, 27 anos, e Daniel Guimarães, corretor de
imóveis, 24, foram assassinados no dia 15 de dezembro de 2011, no bairro
de Cabo Branco, em João Pessoa. O acusado pelo crime é Victor Souto
Rosa, 34 anos. O motivo teria sido uma discussão sem grande importância.
Foto: Victor Souto
Créditos: Reprodução/Internet
Em
depoimentos, testemunhas informaram que o acusado teria tido um
desentendimento com as vítimas em um bar, mas deixou o local antes dos
rapazes. Amigos de longa data, eles estavam comemorando um negócio
imobiliário que Daniel havia fechado e fazia planos para o dinheiro que
receberia.
Quando saíram do bar, localizado em Cabo Branco, eles
foram perseguidos por Victor Souto Rosa, numa caminhoneta Frontier,
placas MNV-6391, que atropelou intencionalmente os dois rapazes. Daniel
morreu na hora e Rafael chegou a ser socorrido, mas morreu quando estava
sendo atendido.
O acusado afirma que foi um acidente de trânsito,
mas filmagens das câmaras de segurança mostram que o atropelamento foi
intencional. Além disso, ele fugiu do local sem prestar socorro e
dificilmente seria identificado se a placa da caminhonete não tivesse
ficado presa nas ferragens da moto.
Victor Souto Rosa foi denunciado
pelo Ministério Público da Paraíba, que pede sua condenação por
homicídio doloso. Ele deverá ir a júri e aguarda o julgamento preso.
Rosa está detido no 5º Batalhão da Polícia Militar, dividindo cela com o
psicólogo Eduardo Paredes, condenado pela morte da defensora pública
Fátima Lopes.
Foto: Rebeca e sua mãe
Créditos: Reprodução/Internet
Rebeca Cristina Alves Simões –
estudante, 15 anos, assassinada com um tiro na cabeça depois de ser
estuprada, no dia 11 de julho de 2011. O corpo da menina foi abandonado
na Praia de Jacarapé, em João Pessoa. Rebeca era evangélica e tinha uma
rotina simples. Rebeca saiu de casa, no conjunto Antônio Mariz, no
bairro Mangabeira, por volta das 7 horas para ir ao Colégio Militar,
onde estudava. Não foi mais vista com vida. Na tarde do mesmo dia, seu o
corpo foi encontrado.
Passados dois anos, o que mais dói na família
de Rebeca é saber que até agora a Polícia não tem sequer suspeitos do
crime. Várias linhas de investigação foram adotadas, mas nenhuma rendeu
resultados positivos. A perspectiva de que o autor – ou autores – passem
o resto da vida impunes tira o sono da mãe da menina, potencializando
sua dor.
Foto: João Paulo, condenado
Créditos: Reprodução/Internet
Francisco de Assis Guerra Ramalho – empresário, 49 anos; Matheus Cavalcanti Ramalho – estudante, 16 anos; Antônio de Pádua Guerra Ramalho – 53 anos, foram assassinados por um motorista embriagado, em 6 de maio de 2007.
O
estudante João Paulo Guedes Meira, então com 22 anos, dirigia em alta
velocidade pela Avenida Epitácio Pessoa, na Capital. Câmaras de
segurança mostraram que ele não respeitava os sinais vermelhos. Sob o
efeito de álcool, quando avançou o terceiro sinal, no cruzamento da
Epitácio Pessoa com a Rua Professor José Leite, seu veículo, um Golf,
colidiu com o Pálio em que as vítimas estavam, matando três pessoas da
mesma família.
João Paulo ficou foragido desde o crime, se entregou
em dezembro de 2011 e ficou preso até o julgamento, que durou 16 horas,
ocorrido no dia 30 de novembro de 2012. Ele foi condenado a 32 anos de
prisão, sendo obrigado a cumprir pelo menos 15 antes de pedir progressão
da pena para o regime semi-aberto.
Foto: Elton
Créditos: Reprodução/Internet
Elton de Oliveira Nascimento
– estudante de Administração, 22 anos, foi assassinado no dia 2 de
outubro de 2010, na comunidade Bola na Rede, no Bairro dos Novais, em
João Pessoa. O caso tem muitas contradições, mas a polícia conseguiu
apurar que o rapaz estava em seu carro, por volta das 18h30, e quando se
aproximou da comunidade se deparou com um tiroteio entre gangues
rivais. Assustado, o rapaz – que estava acompanhado de um tio – deixou o
veículo e correu. Um dos marginais que participavam do tiroteio
percebeu a presença de Elton e foi atrás dele, matando-o com oito tiros,
na cabeça, tórax e costas.
O tio da vítima, o policial civil
aposentado José Carlos de Oliveira, de 48 anos, ficou ferido, mas
sobreviveu. Policiais militares realizaram diligências, mas não
conseguiram identificar os autores do assassinato. Dois foram presos,
mas a conclusão do processo se complica e o caso não fecha. O maior
problema é que, por medo, a população não fica calada e, por falta de
testemunhas, os assassinos têm a impunidade garantida. A comunidade Bola
na Rede é dominada por grupos de traficantes de drogas.
Foto: Jéssica
Créditos: Reprodução/Internet
Jéssica Lais da Silva Barbosa
- estudante, 18 anos, e seu sobrinho, Luis Gustavo de Melo Barbosa, 4
anos, foram vítimas da irresponsabilidade um motorista alcoolizado, no
dia 9 de maio de 2010.
Na proximidade do povoado Chã de Jardim, no
município de Areia, o Fiat Palio em que as vítimas estavam foi
abalroado por uma ambulância da Prefeitura Municipal de Areia, guiada
por Ednado Teixeira de Brito Lira, conhecido por Naldo de Muquên. Numa
ultrapassagem indevida, em uma estrada reta, ele acabou colidindo em
alta velocidade na traseira do carro onde a Família Barbosa estava,
fazendo-o capotar. A criança foi arremessada para fora do carro e
Jéssica morreu presa às ferragens.
Além das vítimas, também
estavam no carro os pais da jovem e suas duas irmãs, que tinham ido
comemorar o Dia das Mães no município de Areia e estavam retornando para
João Pessoa. O motorista não prestou socorro e fugiu do local.
Julgado pelo ‘acidente’, Ednado Teixeira de Brito Lira foi condenado a pagar algumas cestas básicas. Everton Barbosa Belmont -
gerente do Banco Real da General Osório, 27 anos, foi assassinado a
tiros após uma discussão, no dia 14 de março de 2010, em Jaguaribe, João
Pessoa. O rapaz estava bebendo em um bar perto da sua casa, quando o
contador Wagner Soares Nóbrega, 40 anos, se aproximou para reclamar
sobre a suspensão de um cheque. Teve início uma discussão e Wagner foi
até seu carro buscar um revólver e, ao retornar ao bar, efetuou cinco
disparos contra Everton. Dois tiros atingiram o tórax e a perna da
vítima, que chegou a ser levado para o Hospital da Unimed, mas morreu
pouco tempo depois.
Amigos de Everton Belmont conseguiram tomar a
arma das mãos do acusado, mas ele conseguiu fugir do local em uma
camionete L200. Wagner se apresentou à polícia no dia 18 de março de
2010, quatro dias após o crime, e alegou legítima defesa.
Durante o
inquérito, envio do processo ao Ministério Público, e pronúncia do juiz
que determinou o julgamento do acusado por júri popular, ele ficou em
liberdade. O julgamento aconteceu no dia 24 de agosto de 2012 e, após 12
horas, ele foi condenado a 17 anos e seis meses de prisão, por
homicídio doloso, quando há intenção de matar. Como seu advogado
recorreu, ele continua em liberdade aguardando o julgamento do recurso.
James Pereira dos Santos –
estudante, 19 anos, morto a pauladas e pedradas, em 15 de junho de
2008, no Valentina Figueiredo, em João Pessoa. Os autores do crime, Luís
Paulo da Silva Melo e Suelder Soares do Vale (Pantera), ambos de 21
anos, foram presos quase um ano depois do crime. Ambos são traficantes e
Luiz Paulo foi apontado como autor de outros homicídios na cidade de
Santa Rita. Eles foram condenados e cumprem pena em um presídio da
Capital.
Fernanda Ellen Cabral de Oliveira –
estudante, 11 anos, desapareceu no dia 7 de janeiro de 2013, quando
voltava da escola, a poucos metros de casa. Três meses e um dia após o
desaparecimento, a polícia descobriu que a menina havia sido assassinada
pelo seu vizinho, Jefferson Luís de Oliveira Soares, 25 anos. Ele disse
que queria roubar o celular da menina e, depois de atraí-la para dentro
de sua casa, acabou estrangulando-a e enterrando seu corpo no quintal
de casa, onde ficou durante os três meses em que durou a investigação.
Jefferson está preso, aguardando julgamento e diz temer por sua vida na
prisão.