terça-feira, 19 de novembro de 2013

Paraíba é o 3º estado do Brasil com maior número de negros assassinados

São 60 mortes, o que representa uma redução de 4,8 anos na expectativa de vida da população dessa etnia
Brasil | Em 19/11/13 às 17h00, atualizado em 19/11/13 às 17h13 | Por Redação
Reprodução/Geledes
Estado só fica atrás de Espírito Santo e Alagoas
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgou nesta terça-feira (19) o resultado do estudo ‘Vidas Perdidas e Racismo no Brasil’ que relaciona o índice de assassinatos contra negros nos estados. Além disso, os números mostram ainda as disparidades que há entre negros e não negros na diminuição da expectativa de vida em decorrência das mortes violentas.
A Paraíba é o terceiro estado mais violento para negros no país, onde há 60 homicídios para cada 100 mil habitantes, representando uma perda de 4,8 anos na expectativa de vida dessa parcela da população. Esse número deixa o estado atrás apenas do Espírito Santo e Alagoas, onde morrem 65 e 80 negros, para cada 100 mil habitantes, acarretando perdas de 5,18 e 6,21 na expectativa de vida dos homens negros, respectivamente.
A pesquisa revela também que as diferenças socioeconômicas também são fatores que influenciam na incidência de negros assassinados no Brasil. 6,8% dos negros estão entre os 10% dos brasileiros mais ricos e são 55% da população que fica entre os 50% mais pobres do país.
“Enquanto a simples contagem da taxa de mortos por ações violentas não leva em conta o momento em que se deu a vitimização, a perda de expectativa de vida é tanto maior quanto mais jovem for a vítima. Em segundo lugar, a expectativa de vida ao nascer é um dos principais indicadores associados ao desenvolvimento socioeconômico dos países”, explica o texto da pesquisa.
O estudo, de autoria do diretor de Estudos e Políticas do Estado, das Instituições e Democracia (Ipea), Daniel Cerqueira, e de Rodrigo Leandro de Moura, da Fundação Getulio Vargas (IBRE/FGV), analisou ainda em que medida as diferenças nos índices de mortes violentas podem estar relacionadas a disparidades econômicas, demográficas, e ao racismo. De acordo com os autores, “o componente de racismo não pode ser rejeitado para explicar o diferencial de vitimização por homicídios entre homens negros e não negros no país”.
Os dados foram obtidos a partir do Sistema de informações sobre Mortalidade do Ministério da Saúde e do Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2010. São 93,9 milhões de negros e pardos e 96,7 milhões de não negros, sendo que a maior parte dos homicídios na primeira parcela, ou seja, uma média de 36 para cada 100 mil, o que representa uma diminuição de 3,5 anos na expectativa de vida das pessoas dessa etnia. O tempo médio de vida do Brasileiro é de 73,5 anos.
A pesquisa foi divulgada às vésperas do Dia Consciência Negra, que ocorre nesta quarta-feira (20).

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